Nova ministra assume e homenageia militantes mortos no regime militar
A nova ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci de Oliveira, tomou posse em cerimônia nesta sexta-feira (10) homenageando os militantes políticos que combateram o regime militar (1964-1985) –como ela e a presidente Dilma Rousseff, que foi sua companheira de prisão durante o período.
“Quando cheguei no presídio Tiradentes você estava lá e me deu um abraço com tanto afeto, afeto que jamais esqueci”, discursou Menicucci se referindo a Dilma. “Quero neste momento, com muita emoção e com muita tristeza, render minhas homenagens aos homens e mulheres, jovens, que tombaram na luta contra a ditadura”, disse, arrancando aplausos efusivos da plateia.
Em seu discurso, Dilma afirmou que a nova ministra “é uma feminista que irá atuar sob as diretrizes do governo”. “Ela vem para integrar o governo mais feminino da história do nosso país”, afirmou a presidente. Dilma reiterou que, ao falar em governo feminino, não se refere apenas a uma presidente e dez mulheres no comando de ministérios, mas a “homens e mulheres que conhecem a importância da mulher e seus direitos na sociedade”.
Ao se despedir da pasta, a ex-ministra Iriny Lopes comemorou a decisão de ontem do STF (Supremo Tribunal Federal), que determinou que a lei Maria da Penha pode ser aplicada mesmo sem queixa da agredida.
“Precisamos dar a lei Maria da Penha agilidade, eficácia, e para isso o debate precisa ser encerrado. Foi uma coincidência tão feliz (...), a possibilidade das mulheres brasileiras darem um passo decisivo no combate à violência", afirmou Lopes, que volta à Câmara dos Deputados enquanto aguarda para participar das eleições municipais de outubro, quando se candidatará à Prefeitura de Vitória (ES) pelo PT.
Perfil
Divorciada, mãe de dois filhos e avó de três netos, Eleonora Menicucci de Oliveira é graduada em ciências sociais pela Universidade de Minas Gerais, mestre em sociologia pela Universidade Federal da Paraíba, doutora em ciências políticas pela Universidade de São Paulo e pós-doutora em saúde e trabalho das mulheres pela Facultá de Medicina della Universitá Degli Studi di Milano, na Itália.
Pró-reitora de extensão da Unifesp, Menicucci lidera o Núcleo de Estudos e Pesquisa em Saúde da Mulher e Relações de Gênero.
A nova ministra foi líder estudantil em Belo Horizonte (MG) e militou pelo extinto POC (Partido Operário Comunista). Ela foi presa e torturada durante o regime militar (1964-1985), quando esteve presa junto com a presidente Dilma Rousseff.
Oliveira é conhecida pela defesa das causas feministas e pela luta pela descriminalização do aborto no país. Ela foi relatora no Brasil para o direito à saúde do Alto Voluntariado da ONU (Organização das Nações Unidas).
Logo depois de ser anunciada para o cargo, Menicucci afirmou que passará a tratar da legalização e da descriminalização do aborto como “governo”, deixando a posição pessoal de lado. No entanto, apontou que caberia ao Congresso Nacional levar adiante o projeto que trata sobre o tema e defendeu que o aborto é uma questão de “saúde pública”, assim como o combate às drogas e às doenças sexualmente transmissíveis.
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